quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Atividade Física x Hipertensão

A Hipertensão ou comumente chamada de “pressão alta” é caracterizada por níveis excessivamente altos de pressão arterial e está sendo considerado um dos principais problemas de doenças crônicas na atualidade, atingindo pessoas de diversas idades. Dentro desse contexto, estima-se que a hipertensão atinja 22% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60 % dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por ano (ZAITUNE et. al, 2006).

É considerado uma Pressão Arterial  normal quando os valores de PAS (Pressão Arterial Sistólica) são menores que 120 mmgHg e os de Pressão Arterial Diastólica (PAD) forem menores que 80 mmHg.  Neste estágio, recomenda-se a prevenção da hipertensão e das doenças cardiovasculares por meio da mudança no estilo de vida. A hipertensão no estágio 1 acontece quando há PAS com valores iguais ou maiores que 140-159 mmHG e/ou PAD com valores iguais ou maiores que  90-99 mmHg. Neste estágio, há necessidade de tratamento medicamentoso anti-hipertensivo (betabloqueadores, antagonistas de cálcio, diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina), recomenda-se mudanças na alimentação e incremento de atividades físicas. No estágio 2, a hipertensão se dá quando os valores de PAS são maiores ou iguais a 160 mmHg e os da PAD são maiores ou iguais a 100 mmHg. Neste estágio, se inicia a junção de dois ou mais medicamentos anti-hipertensivos e as mudanças no estilo de vida. (CHOBANIAN et, al. 2003 apud TEIXEIRA 2008)
O aumento da pressão arterial com a idade não representa um comportamento biológico normal. Prevenir esse aumento é a maneira mais eficiente de combater a hipertensão arterial. Mas como? Através de mudanças nos no estilo de vida, que incluam o controle do peso, da ingestão excessiva de álcool e sal, do hábito de fumar e da prática de atividade física.
Treinamento Aeróbico
A prevenção e o tratamento da hipertensão através de intervenções não medicamentosas vêm conquistando vários adeptos, médicos e pacientes, estão utilizando esta estratégia terapêutica com mais frequência, desfrutando dos seus benefícios a médio e longo prazo.
O treinamento aeróbico reduz a PA clínica sistólica/diastólica de hipertensos em cerca de 7/5 mmHg, além de diminuir a PA de vigília e em situações de estresse físico e mental. Por outro lado, o treinamento resistido não parece reduzir substancialmente a PA de hipertensos, embora traga outros benefícios à saúde.
De acordo com Lopes et. al. (2003) são recomendadas três sessões de treinamento aeróbico por semana, com intensidade de 60 á 80% da freqüência cardíaca máxima, em uma duração de 30 á 40 minutos.
Já Negrão e Rondon et. al. (2001) recomenda o exercício a uma intensidade de baixa a moderada, com uma duração de 30 á 45 minutos da freqüência cardíaca máxima, sendo aquelas que mais beneficiam o paciente hipertenso no controle dos níveis pressóricos.
Grassi et al. (1994) estudou jovens normotensos e constatou que após 10 semanas de exercício físico, além de diminuição na pressão arterial sistólica e diastólica, houve redução significativa na atividade nervosa simpática (36%), fato não observado no grupo controle, que não realizou exercício físico.
Palatini et al. (1994) encontraram menor PA de 24 horas e de vigília em indivíduos ativos que em inativos. Além disso, uma metanálise identificou reduções médias de -5/-7 mmHg nas PA sistólica/diastólica de vigília após o treinamento aeróbico.
Treinamento Resistido
Paffenbarger (1983), em um seguimento de seis a 10 anos, de 15.000 indivíduos diplomados de Harvard, constataram que os que praticavam exercício físico de forma regular apresentavam risco 35% menor de desenvolver hipertensão arterial do que os indivíduos sedentários.
Entretanto, no ano de 2000, Kelley e Kelley fizeram uma metanálise e concluíram que esse treinamento reduzia a PA sistólica/diastólica em -2%/-4%. Essa constatação acendeu o interesse na área e o número de trabalhos científicos aumentou.
Apesar de ainda não serem claras as adaptações da PA em resposta ao TR, outros fatores como alterações metabólicas (melhora da sensibilidade a insulina, aumento e/ou manutenção HDL colesterol e redução e/ou manutenção do LDL colesterol), osteomusculares (redução da gordura corporal, aumento da força, massa muscular e densidade mineral óssea) e funcionais (vaso dilatação e consequentemente redução da carga vascular e melhora da capacidade de desempenhar as atividades da vida diária), fatores que contribuem para o surgimento e/ou agravo da hipertensão arterial e comorbidades associadas, são influenciados de forma positiva após um programa de TR (WALLACE 2003; POLITO e FARINATTI, 2003; UMPIERRE e STEIN, 2007; WILLIAMS e cols., 2007; BRAITH e STEWART, 2006).
Considerações finais
Considerando-se o tratamento da HA, o treinamento aeróbico é o de escolha para o hipertenso. Esse treinamento deve ser realizado pelo menos três vezes por semana por pelo menos 30 minutos em intensidade leve a moderada (40% a 60% do consumo pico de oxigênio ou da frequência cardíaca de reserva). O treinamento resistido (TR) deve ser feito em complemento ao aeróbico de duas a três vezes por semana, envolvendo a execução de 8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares em intensidade leve (50% de 1 RM) e com séries de 10 a 15 repetições até a fadiga moderada (interrompidas quando a velocidade de movimento diminuir). Entre as séries e os exercícios deve-se observar um período de 1 a 2 minutos de intervalo passivo.
Observação:
O hipertenso deve realizar uma avaliação clínica antes do início do treinamento e o teste ergométrico é recomendado para aqueles que tiverem outro fator de risco associado a HA. Esse teste deve ser realizado em uso da medicação regular do paciente.
Referências Blibliográficas

BRAITH, R.M.; STEWART, K.J. Resistance exercise training: Its role in the prevention of cardiovascular disease. Circulation, 113:2642-2650, 2006.
FUCHS, F.D.; MOREIRA, W.D.; RIBEIRO, J.P. Efeitos do exercício físico na prevenção e tratamento da hipertensão arterial: avaliação por ensaios clínicos randomizados. Rev. Soc. Bras. Hipertensão – Vol. 4, Nº 3 – 2001.
GRASSI, G.; SERAVALLE, G.; CALHOUN, D.A.; MANCIA, G. Physical training and baroreceptor control of sympathetic nerve activity in humans. Hypertension 1994;23:294-301
KELLEY G. A, KELLEY K. S. Progressive resistance exercise and resting blood pressure: a meta-analysis of randomized controlled trials. Hypertension.
LOPES, H. F., BARRETO FILHO, J. A. S., RICCIO, G. M. G. Tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial. Revista da sociedade de cardiologia do estado de São Paulo, v. 13, n. 1, 2003.
NEGRÃO, C. E., RONDON, M. U. P. B. Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial. Revista Brasileira de hipertensão, v. 8, n. 1, p. 89-95, 2001.2000;35:838-43
PAFFENBARGER, R.S, Wing A.L, Hyde, RT. Physical exercise and incidence of hypertension in college alumni. Am J Epidemiol 1983;117:245-57.
POLITO, M.D.; FARINATTI, P.T.V. Resposta de Freqüência cardíaca, PA e duplo ? produto ao exercício contra resistência: uma revisão da literatura. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 3(1):79 ? 91, 2003.
WALLACE, J.P. Exercise in Hipertension, Sports Med. 33(8): 585 ? 598, 2003.
RONDON, M.U.P.B; BRUM P.C. Exercício físico como tratamento não farmacológico da hipertensão arterial. Revista Bras. Hipertensão Vol. 10 Nº2 – 2003;
SILVEIRA, M. G.; NAGEM, M. P.; MENDES, R. R. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 11, n.106, marzo 2007. http://www.efdeportes.com/efd106/exercicio-fisico-como-fator-de-prevencao-e-tratamento-da-hipertensao-arterial.htm
TEIXEIRA, L. Atividade física adaptada e saúde: da teoria à práticaSão Paulo, 2008. Ed. Phorte.
WILLIANS, M.A, HASKELL, W.L, ADES, P.A, et al. Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease: 2007 update.Circulation,116: 572 ? 584, 2007.
ZAITUNE, M. P. A., BARROS, M. B. A., CÉSAR, C. L. G., CARANDINA, L., GOLDBAUM, M. Hipertensão arterial em idosos: prevalência, fatores associados e práticas de controle no município de Campinas, São Paulo, Brasil. Caderno de saúde pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, p. 285-294, 2006.
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